Thursday, November 23, 2006

A VIDA É PARA OS PUNKS...

Ele não acreditava naquilo.

Não.

Nem fodendo.

Lá estava ele, total otário, mais uma vez sozinho no seu quitinete vagabundo e cheio de lembranças, ouvindo a chuva e um disco velho do Lou Reed, não necessariamente nesta ordem.

Ele não acreditava naquilo.

Não mesmo.

À sua frente, jogada no chão, a Rolling Stone com o velho Iggy Pop na capa, que ele havia acabado de (tentar) ler.

Não conseguiu.

Na sua mão direita, escorregando entre os seus dedos ainda sujos da punheta mal acabada, o velho Marlboro vermelho.

No colo, uma garrafa de vodka.

Na cabeça, o rosto "todo ninfa" daquela garota inesquecível.

Como pôde ser tão imbecil? Como pôde ser tão ele? Como pôde desperdiçar tudo, tão fácil assim? Como?

Como pôde?

Ele simplesmente não acreditava no que havia feito.

Não.

Nem fodendo.

- Você me liga? - ela perguntou.
- Liga? - insistiu e partiu, deixando no ar apenas Carolina Herrera e um sorriso fumegante.

No cesto do lixo do seu maldito trabalho, naquela mesma hora, estava o seu futuro. Despedaçado. Todo amassado com restos de anotações e coisas chatas.

No cesto do lixo reinava, absoluto, a porra do papel com o telefone dela.

Mas, amanhã ele não estaria lá.

Não.

Hoje, ele desperdiçou o futuro.

Idiota.

Que fique agora com seu Iggy Pop enrrugado e com sua punheta mal resolvida e com a sua vodka de sabor barato.

A vida é para os punks.

Seja lá que merda isto signifique...

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