Monday, October 09, 2006

MANUSCRITOS DE NÁDIALEE
A DESFORRA DOS SENTIDOS


A desforra dos sentidos sobre a razão é devastadora.

Simplesmente devastadora.

Não adianta tentar fugir, correr, sumir, beber ou mesmo se drogar. Nestes momentos tensos, quando um bosque de neblina parece se formar sobre a sua cabeça para tentar confundir o desejo e a vontade, a razão - rancorosa e mal comida - perde as estribeiras e some, deixando os sentidos soltos. E os sentidos, quando soltos, dão uma surra de porrada na razão, tão cruel, tão certinha, tão controlada, tão tola.

Os sentidos esmurram a razão e o gozo ganha muito com isso. Ah, se ganha...

...

A cama parecia um ringue.

A cama parecia um ringue.

O arrepio ao toque deixou os seus seios espertos, atirados, excitados. Duros.

O arrepio ao toque deixou a volúpia invadir o quarto. Sem qualquer cerimônia, sem qualquer constrangimento. E a volúpia, substantivo que significa "grande prazer dos sentidos e sensações" ou "grande prazer sexual, lúxuria" ou, ainda, "qualquer sensação muito prazerosa, deleite, delícia" aproveitou a deixa e deixou Bia de quatro, sem reação, à mercê da fúria dos sentidos.

Os dedos longos e finos e perfumados de Nanda arrebatavam sobremaneira os desejos e o coração de Bia. E Bia, sensível e excitada, a cada toque de Nanda deixava-se levar por uma onda de prazer e desespero.

O desespero da paixão. A loucura do tesão.

A vingança dos sentidos

E naquela noite, naquele quarto, naquela cama, entre aqueles lençóis, o que Nanda mais parecia saber fazer era excitar e enlouquecer e desejar e escravizar e amar e matar Bia, a sua grande paixão.

E os dedos de Nanda invadiam cada milímetro descoberto do corpo de Bia. Cada milímetro descoberto.

E a língua de Bia invadia cada centímetro descoberto do corpo de Nanda. Cada centímetro descoberto.

E o toque, o cheiro, o gosto, a vontade, o sexo, o amor, enfim, a volúpia - pura dominatrix - invadia cada pedaço daquele quarto, cada pedaço daqueles corpos lindos, molhados, suados, excitados.

E enquanto as mãos de Bia acariciavam os cabelos pretos e lisos de Nanda, os pés da Nanda brincavam com as coxas grossas e firmes de Bia. Coxas deliciosas, repletas de pequenos fios dourados, imperceptíveis senão ao toque firme e invasor de Nanda.

No porta retrato, fotos de mulheres fortes e lindas.

Nos cinzeiros, restos de seda babados.

Nos copos, resquícios de vodka gelada.

No aparelho de som, Karate.

E na cama, duas mulheres apaixonadas e ilimitadamente excitadas.

...

No céu? Uma formação de estrelas nada usual.

Como se os sentidos, no auge do seu poder e na ânsia por sua desforra, tivessem o poder de alterar o que bem entendessem.

pela pura celebração do amor...

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